domingo, 16 de setembro de 2007

Diagnóstico tardio reduz em até 40% chances de cura de linfoma


Apenas 6% dos brasileiros conhecem sintomas do quinto tipo de câncer mais comum




Cilene Brito


Embora ocupe o quinto lugar no ranking dos tipos de câncer mais freqüentes no mundo, o linfoma ainda é conhecido por poucos. Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), apenas 12% dos brasileiros conhecem a doença e apenas 6% é capaz de identificar alguns dos seus sintomas. A falta de informação sobre o problema é o grande desafio para o tratamento do mal, já que o diagnóstico tardio reduz significativamente em até 40% as chances de cura do paciente.


Para alertar a população sobre o linfoma e como detectar alguns de seus sintomas, milhares de pessoas se uniram ontem para participar das atividades do Dia Mundial de Conscientização sobre Linfomas. O evento foi organizado pela Lymphoma Coalition (Coalizão Linfoma) – representada no país pela Abrale – e mobilizou 20 países. No Brasil, as atividades se concentraram nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Porto Alegre e Recife. Na capital baiana, o evento foi marcado por ações recreativas e educacionais no Jardim de Alá.


No local, a população recebeu informações sobre a doença e contou com a orientação de um médico, que deu dicas de como realizar o auto-exame. “É muito importante que as pessoas conheçam os sintomas do linfoma, que , normalmente, é confundido com outras doenças. Quando descoberto no início, as chances de cura são de 100%”, alertou o onco-hematologista Cleber Gomes. O linfoma se desenvolve nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático, responsável, dentre outras funções, pela defesa natural do organismo contra infecções. O crescimento progressivo e indolor desses gânglios ocorre principalmente no pescoço, axilas, abdômen, virilha e no mediastino (região localizada entre os pulmões e o coração). Qualquer sinal de nódulos nesses locais deve ser investigado.


O grande problema é que nem sempre esses nódulos aparecem de imediato. O indivíduo pode apresentar outros sintomas iniciais como febre, perda de peso, sudorese (suor) noturna e coceira. “Esses são sintomas que podem ser confundidos com inúmeras doenças, como tuberculose e toxoplasmose”, ressalta o especialista.


Estima-se que existem cerca de 30 tipos de linfoma. De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2004 foram registrados 3.194 mortes por linfoma no Brasil, uma média de 8,5 mortes por dia. O tratamento da doença é feito basicamente com quimioterapia e/ou radioterapia. Apenas nos casos mais graves é recomendado o transplante de medula.


Descoberta - O diagnóstico tardio, por pouco, não foi fatal para a economista Liliam Bispo, 32 anos. Em 2004, ela passou seis meses sentindo coceira no corpo e febre, sendo tratada por um dermatologista que diagnosticou o problema como alergia. “Só descobri a verdade quando notei três nódulos no meu pescoço e fiz a biópsia. Foi detectado que o linfoma estava no nível III e já tinha atingido a medula. Se passasse mais um mês sem descobrir a doença, não teria sobrevivido”, lembra a economista, que fez oito meses de quimioterapia.


A incidência do linfoma atinge igualmente homens e mulheres. A doença pode se manifestar em qualquer idade, mas há prevalência em indivíduos com idade entre 20 e 40 anos. Segundo Gomes, o tipo mais comum de linfoma entre os jovens é conhecido como Hodgkin, caracterizado pela evolução lenta e por ser menos agressivo. Nos pacientes com idade mais avançada, o mais freqüente é o não-Hodgkin, em que os gânglios crescem rápido e são mais agressivos. O especialista ressalta que não há estudos que comprovam relação hereditária com a doença. Maiores informações sobre linfoma podem ser obtidos pelo site da Abrale www.abrale.org.br ou pelo telefone 0800-7739973.

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