quinta-feira, 26 de julho de 2007

<'O maestro sou eu', diz ministro Nelson Jobim>



Jobim afirmou que as Forças Armadas têm de funcionar 'como uma orquestra'.Ele negou que pretenda concorrer à presidência da República em 2010.




LÍSIA GUSMÃO Do G1, em Brasília




O novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, reforçou nesta quinta-feira (26) que está no comando das decisões sobre a crise aérea.





Na primeira entrevista coletiva depois de receber o cargo de seu antecessor, Waldir Pires, o ministro Nelson Jobim prometeu medidas a curto prazo, o que inclui a possibilidade de mudanças na Infraero e na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).





"Nós precisamos rever essa estruturação. Nós não podemos deixar que haja mais comando fora de regências. Isto aqui tem que funcionar como uma orquestra. E o maestro sou eu. Sob as ordens do presidente Lula", afirmou Jobim.




Ele criticou as reformas nos aeroportos para "atender" a comodidade dos usuários e avisou que vai priorizar a segurança das operações de vôo em detrimento do conforto, se for o caso. "Se o preço da segurança for o desconforto, será mantido o desconforto", alertou o ministro, em uma referência às filas dos aeroportos.




Nelson Jobim cobrou responsabilidade das companhias aéras e sugeriu mudanças na Anac, se o modelo atual não se ajustar às necessidades. "Se não está funcionando, muda-se", disse, taxativo, o ministro.





2010





O novo ministro da Defesa negou que pretenda alçar vôos mais altos em 2010. Disse que não tem nenhuma pretensão de concorrer à presidência da República. "Minha mulher não deixa", brincou Jobim em uma alusão à oposição de sua esposa em assumir o cargo de ministro da Defesa.





Discurso





Em discurso improvisado na transmissão de cargo, Jobim afirmou que “a ação só se legitima pelos seus resultados”. Segundo ele, os problemas no setor aéreo serão enfrentados, as responsabilidades do passado serão identificadas, assim como as soluções do futuro.




“Nossas ações não são julgadas pelas nossas intenções, mas pelos nossos resultados. A História não registra boas intenções”, disse o ministro para, em seguida, sinalizar que não aceitará ineficiência na cúpula do setor aéreo sob o seu comando.




“Nunca se queixe, nunca explique, nunca se desculpe. Aja ou saia. Faça ou vá embora”, afirmou, reproduzindo uma frase do ex-primeiro ministro inglês, Benjamim Disraeli.




Antes do discurso, Jobim pediu um minuto de silêncio pelas vitimas do avião da TAM que se chocou com um prédio perto do aeroporto de Congonhas, na última terça-feira (17), matando cerca de 200 pessoas.





Despedida




O primeiro a falar durante a cerimônia de transmissão do cargo foi o ex-ministro Waldir Pires, que leu emocionado o discurso de despedida. “Numa hora dessas, as emoções não são compatíveis”, justificou o ex-ministro a leitura do discurso.




Ele afirmou que se sente frustrado por não ter cumprido “a missão” de conter a crise aérea.




“Nunca é fácil o instante da despedida, sobretudo quando a missão que se viria cumprir, que se teria necessariamente de cumprir, iniciou-se e não logrou completar" afirmou, no início do discurso.




"Quando lhes digo adeus, tenho dentro de mim um sentimento que sufoca, mas que venço: a ameaça de frustração pelo temor do sonho interrompido”, disse.




Pires elogiou a escolha de Jobim para sucedê-lo no Ministério da Defesa. “Haveremos de vencer essa crise. Faço votos, do fundo da minha alma, que Nelson Jobim, personalidade inteligente, capaz, meu amigo, possa, no mais curto prazo conseguir resolver essa situação fruto do acúmulo de erros de longo tempo”, afirmou.

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