quinta-feira, 12 de julho de 2007

Plenário barra tática de Renan para adiar apuração

Aliado queria atrasar discussão da Mesa Diretora sobre nova perícia da PF; durante sessão da LDO, Renan participa de jantar com prefeitos alagoanos aliados

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), viu derrotada na quarta-feira, 11, por culpa de uma manobra atrapalhada de aliados que terminou em bate-boca, mais uma tentativa de atrasar as investigações no Conselho Ética. Com ajuda de Almeida Lima (PMDB-SE), ele pretendia adiar a reunião da Mesa Diretora que aprovaria o encaminhamento à Polícia Federal do pedido de perícia detalhada nos documentos de sua defesa.

Um dos relatores do processo de Renan, Almeida Lima foi ao plenário do Congresso, que discutia a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), pedir que fosse suspensa a reunião do presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), com os outros relatores, Marisa Serrano (PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES). Ele alegava que o regimento proíbe reuniões de comissões quando o plenário está em processo de votação. Como o encontro dos relatores discutia a perícia da PF, seu cancelamento adiaria o da Mesa.

Almeida Lima acusou o conselho de criar clima de “tribunal de exceção”. “Eu me recuso a participar e agir fora da legalidade”, afirmou. Casagrande disse que Almeida Lima foi chamado para o encontro. Em seguida, pediu garantia de que a Mesa se reuniria nesta quinta-feira, 12, que foi dada pelo vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC). Para Quintanilha, a demora em entregar o pedido de perícia à Mesa se deve ao fato de o PSOL - autor da representação contra Renan - ter entregado só na noite de terça-feira suas questões para a PF.

Quintanilha rejeitou pedido do PSOL de anexar ao processo a suspeita de que Renan teria beneficiado a Schincariol junto à Receita Federal e ao INSS, alegando que “são fatos estranhos ao processo”. O PSOL avisou que entrará com uma nova representação em agosto.

Manobras

Sob pressão do Palácio do Planalto, preocupado em impedir que a crise política contaminasse a votação da LDO, Renan cedeu e não presidiu a sessão de quarta-feira, 11, do Congresso. A discussão foi conduzida pelo primeiro-vice-presidente da Câmara e do Congresso, Nárcio Rodrigues (PSDB-MG). A oposição respeitou acordo para não atacar o ausente Renan e a LDO acabou aprovada, liberando o Congresso para entrar em recesso na próxima semana.

Durante a votação da LDO, o presidente do Senado participou de um jantar de desagravo promovido pela Associação dos Municípios de Alagoas, num restaurante em Brasília. Ao lado de sua mulher, Verônica, ele foi aplaudido por 57 prefeitos alagoanos. O evento também contou com a presença do governador de Alagoas, o tucano Teotônio Vilela, que continua fiel ao amigo apesar da oposição de seu partido.

Em mais uma manobra para se livrar da investigação pelo Conselho de Ética, Renan Calheiros pediu na segunda-feira que o Ministério Público Federal o investigue. Como investigações contra parlamentares só podem ser feitas por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), é uma forma de tentar tirar o caso do âmbito do Senado. Renan insiste em que o conselho ainda não apresentou uma acusação formal.

“Minha vida é limpa. Eu quero saber do que me acusam. Por isso, pedi a investigação. É impossível tirar um presidente do Senado sem ter uma acusação formal contra ele”, afirmou Renan a jornalistas, no Itamaraty, onde participou do almoço oferecido pelo presidente Lula à governadora-geral do Canadá, Michaëlle Jean.

(Com Denise Chrispim Marin, João Domingos, Rosa Costa e Ana Paula Scinocca)

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