O ex-primeiro-ministro francês Dominique de Villepin foi hoje acusado do crime de «cumplicidade em denúncia caluniosa» no âmbito do processo politico-judicial Clearstream, anunciou um dos seus dois advogados.
Villepin, 53 anos, foi acusado pelos juízes Jean-Marie d´Huy e Henri Pons de «cumplicidade em denúncia caluniosa, encobrimento de roubo e de abuso de confiança» e de cumplicidade de utilização de documentos falsificados, num caso que se converteu num assunto de Estado, anunciou um dos advogados do ex-chefe de governo.
Com esta acusação, Villepin converte-se no primeiro político envolvido neste caso, que remonta a 2004 e cujo objectivo era travar o acesso de Nicolas Sarkozy à presidência francesa através de acusações caluniosas.
O nome de Sarkozy, que acabou por ser eleito Presidente da República a 6 de Maio deste ano, aparecia nas falsas listagens de contas bancárias do banco luxemburguês Clearstream como beneficiário de fundos milionários no estrangeiro.
Posteriormente demonstrou-se que aquelas listagens tinham sido alegadamente falsificadas por um informático próximo do vice-presidente da companhia europeia de defesa aeronáutica e do espaço EADS, Jean-Louis Gergorin, que na semana passada reconheceu que tinha sido Villepin quem o tinha incentivado a entregar aqueles documentos a um juiz que investigava as comissões pagas na venda de seis fragatas francesas a Taiwan em 1991.
O alegado envolvimento de Villepin neste caso de calúnias, que o próprio sempre negou, foi corroborado pelas declarações do ex-espião general Philippe Rondot, uma testemunha chave deste caso.
No início de 2004, Villepin ordenou uma investigação confidencial sobre as listagens ao general Philippe Rondot, alegando que esta tinha sido ordenada pelo então presidente francês, Jacques Chirac.
Dominique de Villepin foi primeiro-ministro entre 31 de Maio de 2005 e 15 de Maio de 2007, depois de ter sido ministro do Interior (2004-2005) e dos Negócios Estrangeiros (2002-2004).
Diário Digital / Lusa
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