Agencia Estado
Em reação ao parecer jurídico que zera o processo contra o presidente do Senado, podendo até permitir o arquivamento da representação do PSOL, a oposição vai pedir que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) renuncie ao cargo. Os tucanos se reúnem amanhã para examinar a melhor forma de mostrar a Renan que a sua permanência no cargo é insustentável. O DEM já havia pedido a renúncia de Renan ao cargo de presidente do Congresso, e, nas reuniões de amanhã, a oposição pode pedir até a destituição do senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) da presidência do Conselho de Ética.
"A crise poderá aprofundar-se, carregando com ela toda a instituição parlamentar que nos empenhamos em defender", protestou o líder Arthur Virgílio (AM), em nota da bancada. Convidado e "desconvidado para o cargo de relator, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) acusou a "manobra" e exigiu pressa da Mesa em devolver o processo ao conselho. De acordo com a Secretaria-geral da Mesa, cabe agora ao segundo-vice presidente, Tião Viana (AC), comandar a decisão da Mesa no Renan.
Da parte dos Democratas, a irritação é igualmente grande por entenderem que Quintanilha "afrontou e provocou o colegiado", como criticou o líder José Agripino. "Estão agindo de forma estapafúrdia e cabe a nós reagir contra isso", defendeu o senador Demóstenes Torres. O senador Eduardo Suplicy fez um apelo aos governistas para que reexaminem o apoio a Renan, depois do que entende ser, mais um gesto de provocação aos parlamentares que querem investigar a denúncia contra Renan Calheiros.
Eles alegam que Quintanilha agiu ilegalmente, ao assumir por conta própria uma decisão que caberia a todo o colegiado. "Está com cheiro de mais uma armação jurídica para protelar a investigação", protestou o líder do DEM, senador José Agripino (RN). "O conselho não pode ser prisioneiro de arbitrariedade". O líder disse que cabe agora ao conselho "ratificar ou desautorizar" a decisão de Quintanilha. "O que ele fez foi afrontar e provocar o colegiado", argumentou.
Para Suplicy, todos os procedimentos de Quintanilha, além de ignorar as mínimas regras de convivência parlamentar, "é de uma gravidade sem igual". "Nem eu nem ninguém se sentirá disposto a apoiar uma iniciativa unilateral", previu. Suplicy chama, ainda, a atenção para a tentativa do presidente do conselho de validar pareceres à revelia do colegiado.
Da conversa com outros juristas, o senador disse ter concluído que o entendimento do advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, e da assessoria legislativa do Senado, ambos diretamente subordinados a Renan, está incorreto. Ele previu que o maior prejudicado com a estratégia de zerar o processo será o próprio Renan. Acredita mesmo que até mesmo a líder do PT, Ideli Salvatti (SC) - até então engajada nas artimanhas em favor de Renan Calheiros - não endossará a decisão de Leomar Quintanilha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário