quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Banco do Sul será criado na segunda-feira


Da Efe, em Caracas


O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou que na próxima segunda-feira em Caracas será criado oficialmente o Banco do Sul --uma de suas propostas de união regional que, em suas palavras, "o império" (os Estados Unidos) e "seus lacaios sabotaram e continuarão sabotando."


A agência de notícias venezuelana "ABN" informou que Chávez fez o anúncio durante "um recesso da reunião da Comissão Central de Planejamento" econômico da Venezuela, presidida por ele em seu gabinete na noite de terça-feira.


Essa e outras iniciativas como a Telesur, Petrosur, a Universidade do Sul e o Gasoduto do Sul "vão se impondo" progressivamente, graças à "persistência e à mudança da correlação de forças na América Latina e no Caribe", declarou o presidente venezuelano.


Chávez disse que esperava a participação dos ministros da área econômica dos países-membros no lançamento da nova entidade regional, mas garantiu que essas autoridades ratificaram que "a sede do Banco do Sul será Caracas."


Segundo veículos de imprensa argentinos, acontecerá uma reunião de ministros sobre o Banco do Sul na próxima segunda-feira no Rio de Janeiro.


A instituição financeira deveria ter sido formada até junho. Em 21 de fevereiro, Chávez dissera que ela nasceria oficialmente em "120 dias a partir de hoje."


Na ocasião, na cidade venezuelana de Puerto Ordaz, Chávez e seu colega da Argentina, Néstor Kirchner, fizeram um acordo sobre a criação do Banco do Sul, "para romper com a dependência a outras entidades de crédito". Os dois presidentes manifestaram confiança na união progressiva de toda a América do Sul em torno da iniciativa.


"O memorando de entendimento que assinamos para o começo do Banco do Sul determina que podem aderir, quando desejarem, todos os países (da América do Sul). Ou seja, (o banco) nasce bilateralmente, mas sem abandonar a filosofia multilateral, que é o objetivo final a ser conseguido", declarou Kirchner à época.


Chávez acrescentou que o memorando bilateral "diz que os governos podem aderir em qualquer fase do processo" e previu que Brasil, Bolívia e Equador seriam os primeiros a se juntarem.
Até o momento, os governos de Bolívia, Equador e Paraguai são os que se uniram à nova instituição financeira. Nicarágua e Uruguai expressaram seu interesse em ingressar no banco, mas ainda não tomaram uma decisão definitiva.


O presidente venezuelano explicou em fevereiro que a entidade teria capacidade "de levantar recursos adicionais até 4 ou 5 vezes" mais do que o montante decidido como capital inicial e que "depende" de o banco central de cada país deixar que o Banco do Sul capte parte da RMI (Reserva Monetária Internacional) de cada um deles.


"Onde estão nossas RMI? Onde colocamos nossas reservas? Nos bancos e entidades financeiras do norte!", exclamou Chávez, lamentando que desta maneira estejam "financiando o desenvolvimento do norte."


Hugo Chávez declarou que "muitas vezes com esse nosso próprio dinheiro, pelo qual pagam juros bastante baixos, fazem empréstimos a nós mesmos e com taxas de juros altíssimas."
Por sua vez, Kirchner defendeu um Banco do Sul com características e filosofias diferentes de alguns bancos internacionais que também nasceram para promover investimentos, mas que se transformaram em verdadeiros castigos para os povos.


"Queremos que a instituição apóie investimentos que atendam à reconversão produtiva, à inclusão social, à integração física de nossos países e ao desenvolvimento global de projetos estratégicos, e que tenham acesso a ele os mais fortes e os mais fracos; que não seja seletivo, mas solidário", afirmou o presidente argentino.

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