quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Turquia ataca rebeldes no Iraque

Bombardeio ocorre no momento em que o governo aguarda aval do Parlamento para uma ofensiva no Curdistão


AP e REUTERS


Ancara - Usando helicópteros e aviões, o Exército turco bombardeou ontem rotas de fuga e bases dos separatistas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), no norte do Iraque, informou o jornal local Hurriyet.

O bombardeio ocorreu no momento em que o primeiro-ministro Recep Erdogan aguarda a aprovação do Parlamento para realizar uma ampla ofensiva no Curdistão iraquiano para combater os rebeldes do PKK.

Erdogan, em entrevista à CNN da Turquia, disse que o Legislativo pode decidir hoje sobre uma possível ofensiva contra no Iraque. “A aprovação para que os militares cruzem a fronteira será discutida no Parlamento amanhã (hoje)”, disse. “Esperamos já ter o aval após o feriado religioso (no fim de semana).”

O premiê afirmou que os planos para a incursão já estão em andamento. Ele vem sofrendo uma intensa pressão das Forças Armadas e da oposição para agir contra os separatistas, especialmente após os rebeldes terem matado 13 soldados turcos, no domingo.

RISCOS

Uma operação militar em larga escala no norte do Iraque pode alavancar a violência em uma das únicas regiões relativamente tranqüilas do país. A ação também colocaria em risco a relação entre a Turquia e os Estados Unidos, que são duramente contra a ofensiva.

“Não acreditamos que o Iraque seja um bom lugar para as tropas turcas no momento”, disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. “Já dissemos antes que nossa intenção é trabalhar com os governos da Turquia e do Iraque para para erradicar o problema do terrorismo na região.” Bagdá também se opõe a uma incursão turca e afirma que negociações entre as partes seria a melhor alternativa para o problema.

Uma incursão no Iraque também poderia prejudicar a aproximação da Turquia com a União Européia. Ancara vem tentado há anos se juntar ao bloco. O ataque também poderia minar a já frágil estabilidade na região.

IMPROVÁVEL

Mesmo se o Parlamento, cuja maioria pertence ao partido de Erdogan (AK), aprovar uma incursão, isso não significa que os soldados turcos invadiriam as fronteiras iraquianas imediatamente. O ministro turco Ertugrul Gunay disse à agência de notícias Reuters que uma ação militar na região pode levar tempo e que as conseqüências políticas estão sendo analisadas. “Não queremos entrar em território iraquiano. O que está ocorrendo no norte do Iraque não é do nosso interesse imediato. Nós estamos lutando contra rebeldes em território turco.”

Ainda ontem, militares na fronteira prenderam 20 rebeldes vindos do Iraque que tentavam entrar na Turquia. No sudeste do país, um policial morreu e sete ficaram feridos quando o caminhão em que estavam foi atingido por uma granada. A polícia acusou militantes do PKK pelo ataque.

Ancara acusa o PKK de ser responsável pela morte de mais de 30 mil pessoas desde seu primeiro ataque, em 1984.

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