A Turquia foi autorizada a enviar tropas para o território iraquiano.Intenção é acabar com rebeldes de partido curdo no norte do Iraque.
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A reunião do Parlamento do governo autônomo do Curdistão, após a deciosão turca de permitir entrada no Iraque (Foto: Safin Hamid/AFP)
O governo autônomo do Curdistão iraquiano expressou sua preocupação e seu mal-estar pela aprovação, por parte do Parlamento turco, de uma ofensiva militar no norte do Iraque para combater os guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
O porta-voz do governo regional do Curdistão iraquiano, Jamal Abdullah, assinalou que não está satisfeito com a postura do Parlamento turco.
"Eles sabem muito bem que a incursão no território de outros países contradiz as leis e os acordos internacionais, e que vai contra a soberania de outros Estados", disse Abdullah, que assegurou que uma incursão turca "acabará com a estabilidade na região".
Esta é a primeira reação procedente do Iraque após a aprovação, no Parlamento turco, de uma ofensiva militar no norte do Iraque para combater aos guerrilheiros do PKK.
Kadir Konuksever/AP
Tropas turcas fazem patrulha em rodovia em Sirnak, próximo da fronteira com o norte do Iraque (Foto: Kadir Konuksever/AP)
O Governo central iraquiano ainda não se pronunciou oficialmente a respeito da decisão desta quarta-feira (17).
Aprovação
Com a autorização, o governo pode enviar durante um ano quantas vezes forem necessárias tropas para o território iraquiano.
O governo do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, se encontra sob pressão para fazer algo contra a crescente ofensiva do PKK.
O vice-presidente iraquiano, Tariq al-Hashimi, reiterou que Bagdá considera o PKK uma organização terrorista e disse que "os governos iraquiano e turco podem resolver seus problemas com um acordo conjunto", acrescentando que uma possível solução trará benefícios para os dois países.
Ilustração/G1
Mapa mostra a localização da região curda ao norte do Iraque, onde a Turquia pode atacar (Foto: Ilustração/G1)
A moção que autoriza pelo período de um ano que o governo do primeiro-ministro Racep Tayyip Erdogan ataque as bases dos separatistas recebeu o aval de todos os partidos políticos, exceto o do pró-curdo DTP (Partido por uma Sociedade Democrática). Dos 526 deputados presentes, 507 votaram a favor e 19 contra.
O vice-primeiro-ministro, Cemil Ciçek, que defendeu o texto, insistiu no fato de que qualquer intervenção teria como o único objetivo o PKK, partido que luta contra o poder central turco. Afirmou ainda que Ancara não tem nenhum interesse territorial no Iraque.
Entenda o conflito
O PKK pegou em armas em 1984 para reivindicar autonomia para os cerca de 12 milhões de curdos que vivem no sudeste da Turquia. Com esse objetivo, o partido organizou vários atentados na áreas turísticas do país.
Mais de 35 mil pessoas morreram desde 1984 nesta guerra não declarada entre o PKK e o Exército turco.
O conflito se acirrou há dez dias, quando 13 soldados turcos morreram em uma emboscada do PKK no sudeste da Turquia, naquele que é considerado o mais grave ataque rebelde curdo contra o Exército de Ancara em 12 anos.
Outro soldado morreu ao pisar em uma mina colocada supostamente pelo PKK na província de Bingol, também no sudeste do país, perto da fronteira com o Iraque.
Reação americana
Preço do petróleo
Os preços dos contratos futuros de petróleo chegaram a subir mais de US$ 1 nesta quarta-feira (17), por conta da decisão do Parlamento da Turquia autorizando uma ação militar contra rebeldes curdos no norte do Iraque.
A cotação do produto chegou a US$ 89 depois do anúncio da decisão do Parlamento turco, recuando depois para a casa de US$ 88,40.
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