quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Benazir Bhutto retorna ao Paquistão após oito anos de exílio


Benazir acena para a multidão que se reuniu para saudá-la em Karachi





KARACHI, Paquistão (AFP) — Pelo menos 250.000 simpatizantes de Benazir Bhutto se reuniram nesta quinta-feira em Karachi (sul) para receber a ex-primeira-ministra paquistanesa, que retornou ao Paquistão depois de oito anos de exílio e em meio a fortes medidas de segurança, após rumores de um possível atentado islâmico.





Proveniente de Dubai, onde vive, Bhutto, visivelmente comovida, desceu a escada do avião lentamente. Esperou por um momento antes de dar o último passo e enfim tocou o solo paquistanês no aeroporto de Karachi, cidade de 12 milhões de habitantes onde era aguardada por 250.000 simpatizantes.





Vestida com uma túnica tradicional verde, uma calça e um véu branco, que lembram as cores da bandeira paquistanesa, Bhutto chorou quando parou por um instante antes de pôr simbolicamente os pés em seu país.





Bhutto, de 54 anos, viajou em um avião da companhia Emirates, proveniente de Dubai. Seus simpatizantes a bordo do avião bradavam "vida longa a Bhutto".





"Agora tenho mais idade e aprendi muito nestes últimos vinte anos, mas ainda lutamos contra uma ditadura. Queremos isolar os extremistas e construir um Paquistão melhor", disse Bhutto.
Bhutto percorreu depois as ruas de Karachi para saudar os centenas de milhares de seguidores, constataram jornalistas da AFP.





A bordo de um caminhão especialmente equipado com telas à prova de balas, Bhutto saudava as pessoas enquanto o veículo avançava lentamente em meio a uma multidão de mais de 250.000 pessoas.





As autoridades paquistanesas montaram um forte esquema de segurança em todo o percurso entre o aeroporto e o mausoléu do fundador do Paquistão, devido a informações policiais a respeito de ameaças da al-Qaeda e dos talibãs a Bhutto.





Bhutto foi por duas vezes chefe de governo (1988-90 e 1993-96), e em 1999 abandonou o Paquistão ante a ameaça de uma investigação judicial por corrupção.





Agora prometeu devolver a democracia a seu país, governado pelo general Pervez Musharraf desde o golpe de Estado de outubro de 1999.





A ex-primeira-ministra quer também liderar sua formação, o Partido do Povo Paquistanês (PPP, progressista) nas eleições legislativas previstas para a metade de janeiro de 2008.





Seus partidários vêm "de todos os rincões do Paquistão, a pé, de ônibus, de trem, de carro ou de bicicleta", disse Qaim Ali Shah, diretor local do PPP.





Dezenas de milhares de partidários prestaram um autêntico culto à primeira mulher que ascendeu à chefia de governo em um país muçulmano.





"Benazir Bhutto foi por duas vezes primeira-ministra e dada a ela uma segurança proporcional às ameaças", prometeu o ministro adjunto da Informação, Tariq Azim.





O regresso do exílio é, no entanto, repleto de incertezas para Benazir Bhutto, que negociou com o presidente Musharraf uma divisão do poder depois das próximas eleições legislativas.





Com a reputação de ser "a menina mimada" dos americanos, Bhutto, de 54 anos, viu sua popularidade cair em meio às negociações com Musharraf e às suspeitas de malversação de fundos públicos em torno dela e de seus assessores.





O governo de Musharraf pediu sem sucesso a Benazir Bhutto, em vão, que adiasse seu retorno, já que o recente decreto que a anistia das acusações de corrupção poderia ser anulado pela Suprema Corte, o que possibilitaria sua prisão.





Por outro lado, qualquer acordo de divisão de poder depende do futuro político do próprio Musharraf. O chefe de Estado venceu a eleição presidencial de 6 de outubro, mas a proclamação oficial de sua vitória depende da Suprema Corte, que julgará nos próximos dias sua elegibilidade e a validade da votação.


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