sábado, 20 de outubro de 2007

Gael entre nós

Ângela Corrêa

Do Diário do Grande ABC


Em um clima que lembrou o filme italiano 8 1/2 (1963), o ator mexicano Gael García Bernal veio ao Brasil para promover O Passado, co-produção Brasil-Argentina de Hector Babenco programada para abrir sexta-feira a 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Explica-se: na tela do novo longa e por onde passa, o ator franzino atrai a atenção de todas as mulheres, assim como o protagonista de Marcello Mastroianni na obra de Federico Fellini.


Avesso a rótulos, seja qual for (de galã, de queridinho do cinemão norte-americano etc.), Gael apresentou-se à imprensa bem-humorado, na medida do possível. “O mais próximo que cheguei a Hollywood foi quando filmei Babel (2006) em Tijuana (México). Fica a três horas de lá”, riu, referindo-se a seu segundo trabalho com o conterrâneo Alejandro González Iñárritu.


Na hora das fotos, porém, nada de paciência. Posou rapidamente ao lado das três colegas argentinas e de Babenco. Para tentar sair da sala do Unibanco Arteplex, onde a entrevista coletiva foi feita, teve a ajuda de seguranças e assessores para burlar repórteres e fotógrafos que insistiam em falar com ele. Acabou encurralado em um dos elevadores.


Mulheres - Em O Passado, Gael é Rimini, tradutor que acaba de terminar um relacionamento de 12 anos com Sofia (Analía Couceyros). A separação parece consensual, mas a ex-mulher não aceita muito bem o esquecimento. O rapaz se envolve com outras mulheres (Moro Anghilero e Ana Celentano) de temperamento forte. Sempre que Sofia reaparece, porém, algo trágico ocorre e o personagem é cada vez mais oprimido pelas vontades da mulherada.


Questionado sobre que conselho a respeito do sexo feminino daria para um filho, ele disse não saber. Se limitou a defender o personagem que se vê diante da fúria feminina. “Rimini é muito inocente, quase um autista emocional”, afirmou.


Filmado em espanhol em Buenos Aires e São Paulo durante o ano passado, o filme marcou a reunião do argentino com Gael. “Sempre quis trabalhar com Babenco, desde que vi Pixote (1981)”, revela.


Casting - Segundo Babenco, Gael participou da seleção das atrizes que dividiram as cenas – algumas bem íntimas – com ele. “Mas foi o Hector que escolheu. Participei dos ensaios para ver se haveria química”, ressaltou o mexicano.


O olhar sobre os arquétipos femininos assustaram. Foi o que disse a portenha Moro Anghileri, que faz a ciumenta Vera. Babenco replicou: “Temos a tendência a misturar realidade e ficção. É um filme, Moro!”, bradou.

Inverossímel ou não, o longa não deixa de ser uma síntese de alguns relacionamentos, acredita o diretor. “Por mais provedor que seja o homem, é a mulher que comanda a relação”, afirma.

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