segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Rebeldes curdos irão anunciar trégua, diz presidente do Iraque


Da Folha Online





O presidente iraquiano, Jalal Talabani, afirmou nesta segunda-feira que rebeldes curdos do norte do Iraque irão anunciar um cessar-fogo, em um momento de tensão em que a Turquia ameaça lançar uma ampla ofensiva militar para conter a ação rebelde na região.





De acordo com Talabani --que é curdo-- o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão)-- deve fazer o anúncio de trégua nesta segunda-feira. O líder iraquiano deu as declarações à imprensa na cidade curda de Sulaimaniyah, antes de embarcar para Bagdá.





Tolga Bozoglu/Efe
Turcos protestam por morte de soldados; cresce pressão por ação contra curdos





Neste domingo, ao menos 49 pessoas --32 separatistas curdos e 17 militares turcos-- morreram em confrontos no sudeste da Turquia, segundo o governo turco.





O incidente intensificou as discussões em Ancara para definir se o país deve dar início a uma operação militar contra bases dos rebeldes no Iraque.





Nesta segunda-feira, os Estados Unidos pediram que o governo iraquiano tomasse medidas "rápidas" para deter a ação dos curdos no sudeste da Turquia, para evitar conflito na região.





Os EUA ressaltaram que os ataques turcos, iraquianos e de lideranças curdas na região da fronteira devem "cessar imediatamente", segundo o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto.





A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, conversou com o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, e com o líder curdo, Masoud Barzani, para dizer que os EUA se opõem a uma ação unilateral, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack.





Ela prometeu a Erdogan que pressionaria para que o Iraque aja contra o PKK. "Nós achamos que o governo iraquiano e o governo regional curdo devem agir", disse McCormack.





Os EUA e o Iraque pediram que a Turquia detenha uma ação militar no Curdistão --área autônoma que ainda é uma das poucas regiões estáveis do Iraque, depois da invasão da coalizão liderada pelos Estados Unidos, em 2003.





A Turquia destacou mais de 100 mil soldados --além de tanques, caças F-16 e helicópteros de ataque-- em sua fronteira com o Iraque, como preparação para uma possível incursão.





Ameaça





O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, reiterou que seu país poderá lançar uma ação militar contra rebeldes curdos no norte do Iraque, apesar dos pedidos de moderação dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).





Em declarações ao jornal britânico "The Times", Erdogan --que falou horas antes de o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) matar 17 soldados turcos-- disse que a Turquia pediu, sem sucesso, aos EUA e ao Iraque que expulsassem os separatistas.





Segundo Erdogan, a paciência da Turquia "está acabando" e seu país tem todo o direito de se defender. "Não temos que receber permissão de ninguém", disse ele na entrevista.





O premiê afirmou ainda que autoridades de seu país expressaram ao presidente dos EUA, George W. Bush, sua preocupação com o assunto, mas não tiveram resultado positivo.





"Se um país vizinho está facilitando o terrorismo, podemos agir, em virtude do direito internacional, e utilizaremos esses direitos. Não precisamos da permissão de ninguém", disse. Segundo ele, a ação militar "poderia ser evitada" se os americanos e iraquianos expulsassem o PKK, fechassem os campos do partido e entregassem seus líderes às autoridades turcas.





Turquia X EUA





O líder turco admitiu as dificuldades nas relações entre Estados Unidos e Turquia, um país que, para o governo de Washington, tem uma grande importância estratégica.





Segundo Erdogan, há um forte sentimento "anti-americano" na Turquia.





Ele qualificou de "fracasso" a guerra dos EUA no Iraque, dizendo que não houve êxito no Iraque, "e sim as mortes de milhares de pessoas".





O líder turco advertiu ainda que Washington "pode perder um amigo muito importante" se o Congresso americano aprovar um projeto de lei que acusa os turcos otomanos de genocídio contra os armênios na Primeira Guerra Mundial (1914-1918).





O presidente dos EUA, George W. Bush, condenou os ataques deste domingo.





"Ataques no território iraquiano precisam ser negociados com o governo iraquiano e com as autoridades regionais curdas", afirmou Gordon Johndroe, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.





Organização terrorista





Ancara afirma que cerca de 3.500 rebeldes do PKK encontram refúgio na região autônoma do Curdistão iraquiano, que faz fronteira com a Turquia, onde preparam ataques a serem perpetrados na Turquia.





Ancara responsabiliza o PKK pela morte de mais de 30 mil pessoas desde que o grupo começou a sua campanha armada por um território curdo no sudeste da Turquia, em 1984.





Turquia, União Européia e EUA classificam o PKK como uma organização terrorista.


Nenhum comentário:

Google