sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Ex-premiê exige investigação de atentado no Paquistão




Da Folha Online








A ex-premiê paquistanesa Benazir Bhutto, 54, exigiu nesta sexta-feira que o governo do Paquistão realize uma ampla investigação do atentado contra seu comboio, que matou ao menos 133 pessoas e feriu outras 290 ontem em Karachi, no sul do Paquistão.








Bhutto, que retornou ao país nesta quinta-feira após nove anos no exílio, escapou ilesa da ação. Em entrevista coletiva, ela não culpou o governo pelo ataque, mas pediu uma investigação. Ela também se queixou de falhas da segurança durante o percurso.








Shakil Adil/AP








Feridos são auxiliados no local do atentado contra ex-premiê, que matou mais de 130








Segundo ela, durante a marcha, houve falhas na iluminação das ruas. "Se as luzes tivessem ficado acesas, nossos guardas poderiam ter detectado mais facilmente os agressores", disse.








"Vejo o atentado não como um ataque contra um indivíduo, contra mim, mas como uma ação contra aquilo que eu represento. Foi um ataque à democracia, à unidade e à integridade do Paquistão", disse Bhutto na coletiva, realizada em sua casa em Karachi, a Bilawal House.








Para a ex-premiê, os responsáveis pelo atentado foram "os inimigos do Paquistão, dos partidos políticos e do islã". "Eles não são muçulmanos. Os muçulmanos não fariam uma coisa assim", acrescentou ela, antes de reiterar que o Paquistão "não é uma terra de terroristas e extremistas", mas sim de "civis que trabalham duro para ganhar a vida".








Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade. No entanto, a polícia e autoridades apontaram terroristas das regiões tribais na fronteira com o Afeganistão --que se tornou reduto de integrantes da rede terrorista Al Qaeda e da milícia Taleban-- como os responsáveis.








A rede Al Qaeda --que rejeita o apoio de Bhutto à chamada "guerra contra o terror" empreendida pelos EUA-- havia ameaçado assassiná-la no início desta semana.








Apesar do ataque e da "grande perda de vidas" no atentado, Bhutto disse estar preparada para arriscar sua vida, e afirmou que não tem a intenção de se render. "Eu e meus colegas queremos salvar o Paquistão e, para isso, precisamos salvar a democracia", disse ela.








Apoio presidencial








O atentado deve agravar a turbulência política no país, com a proximidade das eleições legislativas de janeiro de 2008. Não ficou claro, no entanto, se a ação pode prejudicar um eventual acordo de divisão de poder entre Bhutto e o presidente Pervez Musharraf.








Kamran Jebreili/AP








A ex-premiê Benazir Bhutto escapou ilesa de atentado que matou mais de 130 pessoas








Musharraf, há oito anos no poder após golpe de Estado, condenou o ataque "da maneira mais enérgica possível", que definiu como uma "conspiração contra a democracia".








A ex-premiê --que governou o país entre 1988 e 1996-- deixou o Paquistão em 1999, após sofrer acusações de corrupção. Seu retorno ocorreu em um período de instabilidade política.








Com eleições parlamentares marcadas para janeiro, ela espera liderar o Partido do Povo do Paquistão (PPP) em uma campanha eleitoral para um terceiro mandato como premiê.








Bhutto abriu caminho para seu retorno por meio de negociações com o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, que tomou o poder em 1999 em um golpe de Estado.








Ele promete deixar o comando do Exército caso possa assegurar um novo mandato.
As conversas resultaram em uma anistia das acusações de corrupção contra Bhutto.








Estados Unidos








Os Estados Unidos condenaram o ataque e "lamentam a perda de vidas inocentes", de acordo com o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Gordon Johndroe.








O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, também condenou duramente o atentado, em uma declaração de sua porta-voz, Michele Montas.








Ki-moon "ficou consternado de saber que o comboio de Bhutto, ex-premiê do Paquistão, que chegou a Karachi há algumas horas, foi alvo de um duplo atentado a bomba que teria matado mais de cem pessoas e ferido inúmeras outras".








Ele "condenou duramente este atentado terrorista (...), mas expressou confiança em que as forças políticas trabalharão juntas para reforçar a unidade nacional", concluiu o comunicado.








Com Efe e Reuters

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