O presidente agradece ao BNDES por dar crédito às cooperativas de catadores de lixo. Afina
Rio, 2 de Outubro de 2007 - O presidente agradece ao BNDES por dar crédito às cooperativas de catadores de lixo. Afinal de contas, para que serve o Estado? Nem para proteger os indíviduos, como sugeriu o pensador Thomas Hobbes ao definir que "o homem é lobo do homem", nem para assegurar o direito de propriedade, função defendida por John Locke, filósofo do mesmo século XVII. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a principal função de um governo (do seu mais especificamente) é reduzir a miséria, algo que os institutos de pesquisa de fato mostram, independentemente do suposto caráter político.
Diante de uma platéia de cerca de cem catadores de lixo, Lula disse que planeja institucionalizar a profissão. Enquanto agradecia ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por torná-los seus clientes, o presidente da República contou casos de exclusão, preconceito e abandono sofrido tanto pelos que catam lixo, como por ele próprio. Lembrou quando foi barrado na porta de um prédio porque usava uma camiseta surrada.
"Foi pela primeira vez, já como político, que eu me senti um cidadão de terceira categoria. Porque não existe nada mais abominável que ter um elevador pra um e um elevador para outro", declarou, ovacionado. "Isso é apenas para mostrar o quanto ainda temos que avançar", explicou. Voltando à infância, Lula comparou como a mãe acolhia os necessitados, ao contrário do que se faz hoje. "Somos praticamente doutrinados a ter medo dessas pessoas", completou.
Página extraordinária
"Então, se a gente vive num mundo como esse, o dia de hoje, meu caro Luciano Coutinho (presidente do BNDES), é uma marca. Vocês (do BNDES) estão fazendo uma página extraordinária da vida desse país. Afinal de contas, pra que serve o governo? Tem uma parte da sociedade que certamente não precisa de governo", enfatizou. O presidente declarou ainda que "além de induzir política industrial, dar suporte ao desenvolvimento de ciências tecnologicas e educação, o governo tem que cuidar de quem precisa do governo". "Pra essa gente é que o governo tem que dar atenção", continuou o presidente da República em seu discurso.
Lula evitou prometer, mas afirmou que tentará regulamentar a profissão de catador de lixo. "Que ninguém olhe para vocês com desdém", afirmou. Disse ainda que, quando jovem, tinha vergonha de gritar para vender tapioca, ao contrário do orgulho dos que vestem a camisa de catador de materiais recicláveis. "Nós é que temos de agradecer a vocês por serem o que são, sem vergonha. Eu não tinha orgulho de vender tapioca", garantiu.
Fazendo coro ao chefe, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, também presente à solenidade na sede do BNDES, disse às cooperativas de catadores que "não teriam um momento como esse se o presidente Lula não fosse presidente, mas Lula não seria presidente se os pobres do Brasil não tivessem se organizado em sindicatos, associações e cooperativas", complementou o presidente da República diante da platéia inusitada nas dependência do banco de fomento ao desenvolvimento do País. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Sabrina Lorenzi)
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