sábado, 6 de outubro de 2007

João Miguel, feliz com a consagração






Florença Mazza DO EGO, NO RIO










Divulgação
O ator ergue o prêmio Redentor








Seu nome constava nos créditos de três filmes em cartaz no Festival do Rio e, depois do sucesso em "Cinema, Aspirinas e Urubus", era impossível passar desapercebido pelos amantes da sétima arte. Mas por maior que fosse a expectativa em relação à participação de João Miguel nesta edição do evento, não havia chances de decepção.









A construção de três tipos tão distintos - quem o vê em "Mutum" quase não o reconhece em "Estômago" ou em "Deserto Feliz" - surpreendeu até mesmo os fãs antigos do ator. Sua excelente atuação nos longas era sucesso na certa. E não deu outra: foi ele quem levou o prêmio Redentor para casa, por sua atuação em "Estômago", de Marcos Jorge.









"Esse reconhecimento do trabalho é maravilhoso, é o que nos dá força para continuar", diz João Miguel, que comemora também a escolha de "Mutum", de Sandra Kogut, como o melhor longa-metragem de ficção pelo júri oficial. "Estava com medo de terem uma overdose de João Miguel, mas o retorno da crítica e do público foi muito bom".

SUCESSÃO DE TRABALHOS








Em "Estômago", João Miguel vive Nonato, um presidiário que ganha prestígio na cadeia pelo seu talento na cozinha. Para interpretá-lo, o ator chegou a fazer um curso de gastronomia italiana. "Observava muito a maneira como os chefs manuseiam os talheres. Mas depois parei, sou um incompetente na cozinha", diverte-se.









"O Nonato é um personagem de muitas nuances, muito instigante. Ele é quase antropofágico: ganha os patrões pela boca", diz João. "É um filme que fala do descontrole da sociedade a partir do riso, da comédia".









João começou a filmar "Estômago" em outubro de 2006, apenas quatro meses depois de voltar de Três Marias, sertão de Minas Gerais, onde ficou quatro meses filmando "Mutum". Lá, o ator chegou a morar na mesma casa que a equipe de produção e com o resto do elenco, a maioria formada por não-atores. Entre eles, Thiago da Silva Mariz, um menino de 10 anos que pisou em um cinema pela primeira vez na estréia do longa. O convívio foi proposital, para criar química entre os colegas de set.









"A convivência com o Thiago deu um nó na minha cabeça: até onde aquilo precisava ser cênico? Até onde era o encontro de dois companheiros de trabalho?", questiona João. "Minha função no set era a de incentivar aqueles meninos, mostrar a disciplina que há por trás das cenas".









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João Miguel em cena como Nonato








LABORATÓRIO








Para viver Nonato, João Miguel emagreceu sete quilos. Mas a dificuldade física somou-se à psicológica: ter de descontruir um personagem, um lavrador do sertão mineiro, para montar outro, tão diferente.









"É uma loucura", resume o ator, que sempre faz laboratório para compor seus personagens. "Minha origem é o teatro autoral. Eu creio nesse processo, apesar das dificuldades que todos eles têm", acrescenta João Miguel, que já trabalhou até em um grupo de palhaços.









CONHEÇA A TRAJETÓRIA DE JOÃO MIGUEL









O ator já está filmando seu próximo trabalho, "Antes do Amanhecer", de Suzana Amaral, com estréia prevista para 2008. Trata-se de um road-movie sobre um homem que vai de São Paulo a Florianópolis num momento delicado de sua vida - que o espectador não saberá, segundo João, se é a morte ou apenas uma fase de transição.









"Faço um papel menor, mas aprendemos muito nestas cenas pequenas. Elas te permitem visualizar o que é o cinema", teoriza João Miguel. Palavra de um grande ator.

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