Testemunhas prestam depoimento em processo que julga assassinato de policial. Ainda não há certeza se suposto líder de organização será ouvido.
Luciana Bonadio Do G1, em Jundiaí
O detento Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como chefe de uma quadrilha que age a partir dos presídios do estado, está desde as 10h desta sexta-feira (19) no Fórum de Jundiaí, a 60 km da Capital. Informações desencontradas deixam em dúvida, no entanto, se o preso será ouvido em audiência que começou por volta das 13h30.
Marcola e outros 13 réus respondem a um processo pela morte de um policial militar em maio de 2006, durante ataques promovidos em todo o estado de São Paulo. O homem de 44 anos morreu após ser atingido por tiros disparados por oito homens armados. O outro policial que o acompanhava se salvou porque usava colete à prova de balas.
As primeiras informações de pessoas diretamente ligadas ao caso que estão na cidade davam conta que 12 testemunhas de acusação seriam ouvidas nesta sexta e Marcola apenas acompanharia os depoimentos. Pouco tempo depois, foi confirmado pela assessoria do Tribunal de Justiça (TJ-SP) – que está em São Paulo – que apenas os réus seriam ouvidos na audiência.
Por volta das 15h, o TJ informou que tanto réus como testemunhas, que seriam oito, falariam ao juiz. Um policial que esteve no fórum informou, no entanto, que foram ouvidos apenas réus cujos advogados solicitaram a anulação de um depoimento anterior realizado por videoconferência. Entre os que prestariam novos esclarecimentos estaria Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, que também seria da liderança da organização.
A assessoria do TJ confirmou esta informação por volta das 16h30 e informou que os advogados dos 14 réus que foram ouvidos anteriormente, tanto por meio de videoconferência quanto por carta precatória, foram questionados pelo juiz se os depoimentos anteriores terão validade no processo. A Justiça procura com isso que os defensores solicitem, mais tarde, a anulação dos depoimentos.
Chegada ao fórum
Marcola chegou ao fórum com outros oito presos em um comboio que partiu do presídio de Presidente Bernardes, a 620 km de São Paulo, nesta madrugada. No total, 14 réus do processo acompanham a audiência, entre eles dois que respondem em liberdade.
O advogado de Marcola, Aírton Antônio Bicudo, disse que acredita que o cliente será absolvido neste caso. “Eu tenho que ele deve ser absolvido porque as provas são as mais fracas possíveis”, disse ao chegar ao fórum. O delegado Fernando Bardi, do 1º Distrito Policial, que conduziu o inquérito, discorda. “Se não houvesse indicativos muito fortes, eles não estariam aqui”, afirmou.
Bicudo disse que Marcola “é um preso como outro qualquer”. “É um preso inteligente, que estuda, sensato. Como um homem preso sob custódia do estado poderia mandar em quem estava aqui fora?”, questionou. Ele contou que, durante os ataques do ano passado, esteve com o cliente. Segundo Bicudo, o preso "pregou a paz" e disse que não deveria haver ataques.
Segurança reforçada
A presença dos presos mudou a rotina no Centro de Jundiaí. Um posto do INSS e a Escola Estadual Conde de Parnaíba, que ficam em frente ao fórum, foram fechados nesta sexta. De acordo com o capitão Rogério Pedroso, que comanda o esquema de segurança no local, a decisão de suspender as aulas e as atividades do posto partiu da direção das instituições, já que a polícia garantiu a segurança no entorno.
O esquema de segurança fez aumentar em 40% o número de policiais no Centro da cidade. Pedroso afirmou que os bairros continuam com o mesmo policiamento, já que os homens que reforçam a segurança no local foram deslocados de funções administrativas. “Há um mês nós estamos fazendo contato com o responsável pelo fórum. Desde que cheguei aqui é a primeira vez que estou vendo esse tipo de trabalho”, afirmou. Ele está à frente da corporação desde 2005.
O trabalho começou nesta quinta-feira (18) com uma varredura no prédio e entorno. De acordo com Pedroso, até o início da tarde desta sexta não houve ocorrências graves. Policiais cercam o fórum e controlam o acesso ao prédio. Apenas pessoas autorizadas podem ingressar. Muitos curiosos acompanham a movimentação no local.
Histórico em presídios
Marcola foi condenado a 45 anos de prisão por vários crimes, principalmente por roubos a banco. Ele é citado em denúncia do Ministério Público como chefe da quadrilha que age a partir dos presídios de São Paulo. A quadrilha teria sido a responsável pelos ataques a policiais militares, agentes penitenciários e alvos civis no ano passado.
Ele foi transferido em maio deste ano do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), em Presidente Bernardes. É o presídio de segurança máxima mais distante da capital paulista no estado.
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