Antes, comando previa normalidade até a tarde deste sábado; apesar disso, Aeronáutica diz que controladores cumprem `funções com eficiência´desde sexta
BRASÍLIA - O Comando da Aeronáutica informou no final da manhã deste sábado, 23, que a normalidade no fluxo do tráfego aéreo deve se normalizar ainda durante o fim de semana. Segundo o último boletim da Aeronáutica, praticamente todos os vôos encontravam-se espaçados em períodos entre 5 e 10 minutos.
"O relatório das 12 horas do Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea mostra que o volume de tráfego aéreo está se encaixando em um ritmo normal em todo País", informa o boletim. A Aeronáutica afirma também que os controladores de vôo vêm, desde sexta-feira, 22, "cumprindo suas funções com eficiência" e elogiou o profissionalismo dos controladores.
O governo já começou a colocar em prática as medidas de emergência anunciadas na tarde de sexta para tentar vencer o caos aéreo nos aeroportos. Na manhã deste sábado, controladores de vôo que trabalharam no turno das 22 horas de sexta às 7 de sábado foram convocados a permanecerem no Cindacta-1, cumprindo novo turno de trabalho. Eles só seriam liberados no início da tarde. Também estavam trabalhando no Cindacta-1 controladores do tráfego aéreo militar e militares de outros Estados, já transferidos emergencialmente para Brasília.
Controladores consultados pelo Estado lamentaram a decisão de manter os sargentos trabalhando por dois turnos seguidos, alegando que "isso coloca em risco a segurança do tráfego aéreo". Segundo estes controladores, depois de trabalhar a noite inteira, os sargentos não teriam condições de prosseguir o trabalho por um novo turno. Além disso, avisam que eles estariam contrariando as regras internacionais de controle de aeronaves, por estarem excedendo a carga horária.
Militares
Para a Aeronáutica, no entanto, todos que estão ali trabalhando são militares, e militares podem ser transferidos, podem ter suas escalas alteradas, sem qualquer prévia comunicação, já que estão submetidos a um regulamento de Forças Armadas. Asseguram, no entanto, que nenhuma legislação está sendo descumprida, mas não entraram em detalhes sobre mudanças específicas ou que tenham ocorrido nesta manhã.
De acordo com informações obtidas com pessoal do setor, estas prorrogações de turnos podem estar ocorrendo por falta de pessoal para completar a escala de trabalho do horário, ou, simplesmente, para auxiliarem os controladores transferidos de outros lugares, dando instruções e monitorando o pessoal que não tem domínio sobre a região onde está operando.
Segurança
A Aeronáutica assegura que, em momento nenhum a segurança dos passageiros será afetada por este tipo de medida. Justifica que o pessoal que está trabalhando, ainda que não tenha o completo treinamento para operar tantas aeronaves como fazem os operados habituais da área, eles controlarão menos aeronaves, haverá demora na liberação de aviões, mas que, em momento algum haverá paralisação do tráfego aéreo e que, aos poucos, o fluxo vai caminhando para a normalidade.
Para a Aeronáutica, as restrições de vôo continuarão, mas aos poucos elas serão acomodadas. Todas as medidas anunciadas na sexta já estavam sendo adotadas. Os sargentos da defesa aérea estão em plantão para serem usados no tráfego civil, casa haja falta de controladores que operam aeronaves civis, e equipamentos estão sendo preparados para ativar o novo centros provisório de monitoramento, em Santa Teresa, (ES).
Medidas
Na sexta, após quase nove meses de crise na aviação, a Força Aérea Brasileira (FAB) decidiu intervir de forma mais dura no impasse com controladores e afastou 14 sargentos do Cindacta-1, centro de monitoramento de vôo de Brasília. O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, divulgou à tarde um plano de emergência, com nove medidas, disciplinares e técnicas, para pôr fim à operação padrão iniciada terça-feira. “O momento é de extrema gravidade.”
Logo depois do anúncio, houve suspensão de decolagens em aeroportos de São Paulo, Brasília e Minas e longas filas em outros terminais. Até 21h30, 42,9% dos 1.784 vôos programados tiveram atrasos ou foram cancelados. Naquele horário, o comando da Aeronáutica acreditava que a situação caótica nos aeroportos deveria se estabilizar até a tarde deste sábado.
Os 14 afastados estavam no grupo responsável pelo motim que paralisou a aviação comercial do País em 30 de março. Deles, apenas o vice-presidente da Federação Brasileira das Associações dos Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), Moisés Gomes de Almeida, recebeu voz de prisão. Os demais tiveram como punição a transferência para o Comando de Operações Militares, onde ficarão em outras áreas que não a de monitoramento do tráfego aéreo.
(Mariangela Gallucci e Tânia Monteiro, do Estadão e Renata Veríssimo, da Agência Estado.)
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