Lula se reuniu com ministro da Defesa e com o comandante da Aeronáutica. Após reunião, 13 controladores de vôo foram afastados.
Do G1, em São Paulo
O quarto dia consecutivo de caos nos aeroportos do país mobilizou o governo nesta sexta-feira (22).
Não conseguiu viajar? Conte sua história ao G1Na manhã desta sexta-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu por uma hora com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, para discutir saídas para a crise área. O G1 apurou que uma das alternativas discutidas seria reduzir o número de vôos internos para desafogar o controle aéreo.
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Segundo fontes da Aeronáutica, o presidente estaria convencido de que os controladores estão fazendo operação-padrão, alegando problemas técnicos nos equipamentos, o que não foi confirmado pela perícia técnica.
Afastamento
Pouco depois da reunião com Lula, o comandante Juniti Saito determinou o afastamento de 13 controladores de vôo, que eram considerados os líderes do movimento dos controladores aéreos de Brasília. Os servidores serão afastados de suas funções, não demitidos.
Saito culpou os controladores pela nova crise no setor áreo e avaliou que o momento é de "extrema gravidade". No entanto, ressaltou que os problemas referem-se apenas aos atrasos dos vôos, não à segurança. O comandante da Aeronáutica disse que um "comportamento repetitivo" de alguns controladores do Cindacta-1, de Brasília, nos últimos dias trouxe novos problemas.
Medidas
Entre as medidas anunciadas pelo comandante da Aeronáutica Juniti Saito para tentar contornar a crise que afeta o setor estão:
- prontidão de quatro esquadrões de comunicação; -
reforço em várias regiões do país, com Cindacta-1 apoiando controladores que continuam exercendo seu cargo;
- ativação de centro de controle de tráfego reserva para Brasília; - criação de corredores especiais em trechos mais congestionados;
- ativação de rotas especiais entre São Paulo, Rio de Janeiro e Nordeste;
- ativação de posto militar de controle utilizando os próprios meios da força aérea para desafogar gargalo entre Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e São Paulo;
- reformulação e aprimoramento das escalas de serviço nos centros de controle; -
antecipação das fases do processo de modernização dos equipamentos e afastamento imediato das "lideranças negativas" que atuam no Cindacta-1.
Irritação
O presidente Lula demonstrou irritação com recentes declarações de ministros sobre a crise aérea e determinou que cabe à Aeronáutica manifestar-se sobre o assunto.
A orientação ocorre após o segundo comentário “desastrado” sobre a situação nos aeroportos. O primeiro foi feito, no dia 13 de junho, pela ministra do Turismo, Marta Suplicy, que recomendou aos passageiros “relaxar e gozar” para enfrentar as dificuldades. A ministra pediu desculpas pela declaração.
O mais recente partiu do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele disse na quinta-feira (21) que a crise é resultado da prosperidade do setor e do bom desempenho da economia.
“É prosperidade do país. Mais gente viajando, mais aviões, mais rotas”, disse. Em conversas com auxiliares nesta sexta (22), o presidente disse que somente “quem fala é a Aeronáutica”.
Durante reunião com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, o presidente disse ainda que é preciso tratar “com mais respeito” os passageiros que enfrentam dificuldades na hora de viajar.
Direito de ir e vir
Apesar das recomendações, o ministro da Defesa divulgou na noite desta sexta-feira uma nota oficial à imprensa, na qual diz que, apesar das medidas tomadas pelo Governo em relação à crise aérera dos últimos dias, os controladores de vôo insistem em obstruir o direito de ir e vir dos cidadãos.
Na nota, Pires disse que "o Brasil não será refém de nenhuma categoria profissional. Hierarquia e disciplina devem ser observadas por todos os militares. O fluxo e a segurança do tráfego aéreo serão mantidos a qualquer preço, dentro da lei. O Estado Democrático de Direito tem a responsabilidade de garantir os serviços públicos a todos os cidadãos."
Falta de investimentos
O vice-presidente, José Alencar, citou nesta sexta-feira três razões para a crise aérea: falta de investimentos em infra-estrutura aeroportuária, crescimento da economia e "duplicidade de comando" do controle do tráfego aéreo. Segundo ele, não são feitos os investimentos necessários na infra-estrutura aeroportuária.
Alencar referendou a opinião de Mantega, que atribui a crise aérea à "prosperidade" do país. "O crescimento da aviação comercial advém do crescimento da economia, mas não significa que precisamos sofrer problemas dessa natureza. O que o Mantega quis dizer é que esse fator também contribui", ponderou Alencar.
Na opinião do vice-presidente, houve uma crise de comando após o motim dos controladores de vôo no dia 30 de março, quando o tráfego aéreo foi paralisado em todo o país. "Nós precisamos de compreensão e ajuda tendo em vista que esse é um problema de todos os brasileiros. O povo brasileiro é bom, pacato, ordeiro, trabalhador, admirável. É preciso que todas essas qualidades estejam postas no momento de dificuldade", afirmou.
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