CPI do Apagão Aéreo na Câmara vai ouvir mais três pessoas nesta segunda-feira
Eugênia Lopes
Eugênia Lopes
BRASÍLIA - Em depoimento na Câmara à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a crise no setor aéreo, o sargento Lucivando Tibúrcio de Alencar voltou a afirmar, nesta segunda-feira, que não foi uma falha humana a causa do acidente do vôo 1907. Lucivando repetiu também sua afirmação de que a culpa foi dos pilotos do Legacy - Joseph Lepore e Jon Paul Paladino - e do sistema de software da Aeronáutica, que lhe teria fornecido informações erradas.
"Nós, controladores de vôo, não nos sentimos seguros com o software do controle de vôo", disse. As declarações de Lucivando, , um dos quatro controladores de vôo que estavam de serviço no momento do acidente, foram feitas ao apresentar um relatório de defesa aos integrantes da CPI no início do depoimento.
Quando os deputados começaram a lhe fazer perguntas, o sargento recorreu ao direito constitucional de permanecer calado, para não se incriminar, pois ele já é réu em um processo judicial sobre o acidente. Em face dessa reação, os parlamentares da comissão decidiram transformar a reunião aberta em sessão secreta.
Além de Lucivando, outros três controladores de vôo que são réus desde sexta-feira no processo criminal sobre a tragédia do vôo 1907, também irão depor nesta segunda.
Jomarcelo Fernandes dos Santos, Felipe dos Santos Reis e Leandro José Santos Barros avisaram antecipadamente à CPI que recorreriam ao direito constitucional de também permanecer calados. Na segunda-feira passada, os quatro controladores prestaram depoimento à CPI do Senado que trata do mesmo assunto.
Protesto
Cerca de 25 controladores de vôo fizeram um protesto silencioso na manhã segunda, na Câmara, em defesa do colega Jomarcelo Fernandes dos Santos, acusado pelo Ministério Público Federal de homicídio doloso eventual por ter deixado o posto de comando no Cindacta 1, em Brasília, no dia do acidente com o avião da Gol, sem avisar seu substituto (Lucivando Tibúrcio de Alencar) de irregularidade na rota do jato Legacy.
Os controladores portavam placas com o nome de Jomarcelo. "Nossa intenção é demonstrar que todos os controladores têm relação com Jomarcelo", disse o 3º sargento Carlos Eduardo Alves da Silveira, que participa do protesto organizado pela Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA).
No domingo, Jomarcelo e Lucivando disseram ao Fantástico, da TV Globo, que estão sendo injustiçados. Os dois culparam os equipamentos da Aeronáutica pela colisão entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, que deixou 154 mortos em 29 de setembro de 2006.
“Tenho consciência de que não tive culpa. Segui todos os regulamentos do tráfego aéreo. Acreditei nas informações que tinha”, afirmou Jomarcelo, que garantiu não ter mais condições emocionais de voltar ao trabalho. Controlador há quatro anos, ele foi o único indiciado por conduta dolosa (com intenção) pela Justiça.
Jomarcelo afirmou ainda que erros de software como o que aconteceu no dia do acidente já ocorreram antes. “Isso já foi reportado, feito relatório de perícia bem antes do acidente. Mas nunca foi mudado.”
(Com Agência Câmara)
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