terça-feira, 12 de junho de 2007

Hospitais convocam pacientes com Aids para substituir medicamento

SAÚDE

A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) decidiu convocar todos os portadores de HIV no Estado usuários do Viracept, medicamento distribuído pelo Ministério da Saúde no programa DST/Aids, a procurar suas unidades de tratamento para trocar o remédio. A medida foi tomada depois de o laboratório Roche, fabricante do Viracept, ter anunciado o recolhimento de todos os lotes da droga no Brasil e em outros países.

"Os pacientes têm de retornar ao ambulatório imediatamente, independente da data marcada para a próxima consulta", recomenda a técnica da Coordenação de Assistência Farmacêutica da Sesab, Simone Bogarin, responsável pelo recolhimento do remédio no Estado.
O Viracept (mesilato de nelfinavir) é um dos 17 medicamentos integrantes do coquetel anti-aids distribuído pelo Ministério da Saúde. Na Bahia, 388 pacientes adultos ou adolescentes o utilizam sob a forma de comprimido e 32 pacientes crianças o usam em pó para solução oral, segundo Bogarin. Em todo o país, a droga é usada por aproximadamente 9 mil adultos e 250 crianças, calcula o ministério.
O mesilato de nelfinavir (princípio ativo do Viracept) é um inibidor de proteases, enzimas necessárias no ciclo reprodutivo do vírus HIV. "É um medicamento já distribuído há bastante tempo, desde 1998, e já temos muitos outros inibidores de proteases disponíveis no mercado", tranquliza a médica infectologista Jacielma Freire, do Centro de Referência Estadual de DST/Aids (Creaids).
De acordo com ela, usuários mais frequentes do nelfinavir são pacientes antigos, que apresentaram boa reação ao remédio, e principalmente gestantes. "O maior prejuízo será desses dois grupos, que terão de se adaptar a uma nova medicação". A situação é mais delicada para as grávidas, diz a especialista, pois existe somente uma outra droga entre as distribuídas pelo Ministério da Saúde recomendável para substituir o Viracept no caso delas (a nevirapina).
Lotes contaminados
O recolhimento da medicação foi anunicado semana passada. Após ouvir relatos de que alguns lotes do Viracept apresentavem odor alterado, técnicos da Roche detectaram, por meio de análises químicas, níveis maiores que os normais de uma substância chamada ácido etil éster metanosulfônico, que pode causar câncer.
Apesar de apenas dois lotes estarem sob suspeita de contaminação - um deles deu entrada no almoxarifado do Ministério da Saúde em 29 de maio e estava em fase inicial de distribuição -, a empresa decidiu recolher preventivamente todos os lotes do medicamento no Brasil, Europa e outras regiões do mundo. Segundo a companhia, a medida não afetou os mercados norte-americano e japonês.
Na Bahia, nenhum dos lotes suspeitos chegou a ser distribuído, garante a técnica da Coordenação de Assitência Farmacêutica da Sesab Simone Bogarin. Mesmo assim, o Centro de Referência Estadual de Aids (Creaids), o Hospital Roberto Santos e o Hospital Couto Maia aguardam os usuários da droga para efetuar a troca por medicamentos alternativos. "O que queremos é recolher tudo", disse Bogarin.
A lista dos remédios substitutos foi divulgada pelo Ministério da Saúde em uma nota técnica. Existem recomendações diferentes para cada tipo de paciente (se adulto, criança ou gestante) e somente o médico responsável pelo tratamento deve identificar qual a droga mais indicada. A Roche forneceu o telefone 0800 7733 310 para esclarecimentos.

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