Ações militares na região da entrega devem diminuir para que ela seja efetuada
Agências internacionais
Reuters
Parentes dos legisladores assassinados pelas Farc lêem pronunciamento
BOGOTÁ - As Forças Armadas Revolucionárias Colombianas, as Farc, se disseram dispostas nesta sexta-feira, 29, a entregar os corpos dos 11 reféns que teriam sido mortos quando estavam em poder da guerrilha, mas exigiram a diminuição das ações militares na região onde seria feita a entrega.
"Faremos os esforços necessários para coordenar a pronta entrega dos restos mortais (dos reféns)", diz Raul Reyes, porta-voz das Farc, em cartas enviadas a Fabiola Perdomo, esposa de uma das vítimas, e Álvaro Leiva, um ex-ministro aceito pelos rebeldes como "gestor da paz".
"No entanto, sua concretização dependerá da diminuição do confronto militar na região onde os fatos acontecerão, que por razões de segurança nos abstemos de mencionar por enquanto."
Os reféns eram deputados da província de Valle del Cauca e haviam sido seqüestrados em abril de 2002. Eles faziam parte do grupo de 56 seqüestrados que as Farc se dispuseram a trocar com o governo por 500 guerrilheiros presos.
Na quinta-feira, porém, a guerrilha divulgou em um site que os 11 morreram no dia 18 no "fogo cruzado" do confronto com um "grupo militar não identificado." A versão deixou no ar a possibilidade das mortes terem ocorrido em uma tentativa de resgate fracassada, mas o presidente Álvaro Uribe negou que tal ação tivesse sido ordenada por seu governo em um pronunciamento em rede nacional.
O grupo rebelde, formado por cerca de 17 mil combatentes, informou que apenas um dos deputados seqüestrados escapou da morte porque não estava no acampamento com os colegas.
As Farc mantém seqüestrados uma ex-candidata presidencial, a franco-colombiana Ingrid Betancourt, três americanos, e outros políticos e militares, os quais os guerrilheiros pretendem negociar com presos do governo.
Ajuda
Ainda na quinta-feira, Uribe se encontrou com os familiares dos deputados e pediu para a Organização dos Estados Americanos (OEA) ajudar a resgatar os corpos. Hoje, o Conselho Permanente da OEA se reuniu para aprovar uma resolução condenando "energicamente" a morte dos reféns.
O episódio continuou a motivar reações de revolta e solidariedade dentro e fora da Colômbia. Cerca de 10 mil pessoas se reuniram na localidade colombiana de Buenaventura, em Valle del Cauca, para pedir o fim da violência. Em Genebra, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Louise Arbour, pediu "uma investigação completa e imparcial sobre os assassinatos para que se leve os responsáveis à Justiça".
Pouco depois, a comissária européia de Relações Exteriores, Benita Ferrero-Waldner, defendeu a busca de uma "solução humanitária" para a questão dos seqüestrados e ressaltou que "os que privaram de liberdade" os deputados "são definitivamente os responsáveis por suas mortes".
No Brasil, o ministério das Relações Exteriores emitiu um comunicado afirmando que o país "continua decidido a apoiar todos os esforços empenhados para assegurar uma paz estável e duradoura e fortalecer a democracia na Colômbia".
Organizações humanitárias na Colômbia ofereceram nesta sexta-feira apoio de mediação para que as guerrilhas das Farc entreguem os corpos de 11 deputados.
"Gostaríamos que as Farc nos facilitem a mediação para garantir às famílias a devolução dos corpos com a maior rapidez possível e para que as vítimas acabem com sua tensão e que os familiares possam dar honrados funerais às vítimas", afirmou o defensor público Wolmar Pérez.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha se ofereceu para ajudar no caso. "A CV oferece seus serviços para liderar uma iniciativa para mediar a entrega dos restos mortais às famílias", afirmou a organização em um comunicado.
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